sábado, 19 de setembro de 2015

Cerne dos claustros

        Radical. É como me sinto encarcerado em dois claustros semi-abertos de estilo gótico. E gótico é como me experimento, nublado de jeito fechado, entronco-me, desabotoando o fecho, abrindo um sorriso inédito, original de tramitação ofuscada, desmedido de consciencialização-belfo- de imaginar. Perto de ficar e sair, morro. Angústia que sobra dos céus que me circundam, presumíveis de sentido, sem ter sentido algum, de ver, de falar ; porque me falam e a percepção desencontra-se como um comboio que partiu na açoteia errada e alguém o socorreu nas tábuas enxovalhadas de vestígios húmidos, céleres, solenes e irados de um qualquer outro que por ali passara. E eu continuo, acorrentado, virtualmente, em dois claustros semi-abertos de estilo gótico.

       
 A nebulosidade aferrolhara o sol que havia querido ser descoberto, sem ter chamado ninguém para o ver, abrir-se, no reflexo espalhado que eu via, sem todos vermos. Repete-se tudo. A história. O presente que o é. O presente que é história e a história que é presente. Pois, porque não largo as garras que se pespegam no céu que só eu vejo, no cerne de dois claustros semi-abertos de estilo gótico. Que, de luto, me assisto. 



















                                                                                                                               Igor Silva
                                                                                                                               18-09-2015





terça-feira, 11 de agosto de 2015

E vira a página, vezes sem conta, rasga. Podes rasgar! Amanhã colas com força. Sobrevive e muda, sempre. A cada, todo e  a qualquer momento. Momento esse que o fazes. Sonha, rápido floresce o trilho, não o vês ? Sempre estive ali.

domingo, 28 de julho de 2013

Explicação da incerteza

Riscam-se palavras sem sentido
Que de melhor sentido tem a vida
De sentido não o ter
Nem sentido para viver                                                                   


Somente tem letras e choros
Jardins por preencher e dias por viver
Branco por escrever e sentido para esquecer
que sentido se sente sentido

tem perguntas para responder
sem ter sentido de quem as possa responder
de quem possa eu crer
de viver sem saber

porque não há sentido !
para se sobreviver,
nem para dormir,
nem para existir!

O melhor é existir.


Igor Silva,28-05-2013

sexta-feira, 1 de março de 2013

Certame ?

São faculdades naturais,
de quem diz o que não julga
de quem sente o que não quer
entre ambas, nunca e impossível,
nunca mais...


sente e chora
e abraça, tenebrosa                                         
de hora em hora
toca-me e espera



meras palavras, subtis
que mentem a quem as diz,
soprando sobre letras
que se escrevem,agora.


será sempre tarde,
dizê-las é sonhar acordado,
ninguém as tem como certas,
ainda que, indirectas,
o amanhã está camuflado!


Igor Silva,02-03-2013

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Balada

Nenhures é perto
e já sinto conhecido,
de trás apoquentou
e tornou alguém partido

Quem não quer assistir
de novo encanto
falso o rumo
e penetra no meu espanto

Melodicamente de acerto
o refrão entoado pela                                                        
minha fala adentro
que o fim está perto

Que já bate como outrora
quem dizia mão de abrigo
e um mundo inteiro,te digo.
Deixa-me sonhar

Lembra a noite
de espera escondida
que ataca a minha
ingenuidade perdida
Quero (crer) um sonho

que já vi,
vetusto de tanto passar
toca-me,
medonho

Igor Silva,14-01-2013

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Exórdio

Sentir rejuvenescer
o que de alma se tem
aclamar por viver
sem se saber se haverá alguém

Puxar-me ao início                                                 
sabendo que não há fim
chorando junto
E tu olhando para mim

Que de breve surto
descemos ao começo
ambos sabemos isto
e eu adormeço

Igor Silva,30-10-2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Rico de quem vive

Se há tantas solas
saltitantes e opulentes
que todos os dias gritam
junto a mim, neste passeio
dementes


Onde voz de quem não quer             
esmaga-se invisivelmente
e ele só pede ajuda,
em tom agónico,
alguém que me comente !


Ele molha-se consoante
o trilho de quem passa
chora calado
e ninguém o abraça


Não o esqueça
alçada a mão
espera para sempre,
sem que adormeça


Igor Silva,05-12-2012